segunda-feira

Torre islâmica e frescos com mais de 500 anos descobertos no castelo de Abrantes


Nota prévia: Entre a ausência de factos relevantes geradores de acontecimentos e de notícias que, verdadeiramente, dinamizem o futuro da cidade vs a descoberta destes achados no castelo de Abrantes - percebe-se que mesmo que o futuro não se desenhe no horizonte dos abrantinos - o passado, ainda que por um trabalho de desenlace contingente, acaba por ser remexido. Por regra, estes achados enchem de orgulho a comunidade de arqueólogos, que, assim, encontra justificação para os seus trabalhos e até existência, favorece o chamado turismo cultural, religioso e histórico, mas, na verdade, não é por causa destas acções que uma cidade como Abrantes, há muito parada no médio Tejo, se desenvolve e chama a si os factores de mobilidade, atractividade e desenvolvimento sustentável. Ainda assim, não deixa de ser curioso notar de como é que "o passado do passado" acaba por dar uma ajudinha ao tornar a cidade de Abrantes mais conhecida e, por essa via da história e da arqueologia, se possa compreender melhor o marasmo a que chegámos em algumas das cidades do interior do país, apesar desta ser banhada pelo rio Tejo. Portugal é, talvez, um país com um excesso de história e denuncia um défice de futuro. Eis algumas das actuais limitações que muitos autarcas ainda não conseguiram ultrapassar. Abrantes é apenas mais um caso grave, também por decisões governamentais, entre outros que hoje fazem definhar o interior do país. 
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Torre islâmica e frescos com mais de 500 anos descobertos no castelo de Abrantes
Fotografia © Patrick Clenet | Via Wikimedia Commons
A torre data do século IX e os murais são do século XV, e constituem "uma autêntica viagem no tempo", diz o vereador da Cultura.
Pinturas murais do século XV e uma torre islâmica do século IX foram encontradas no castelo de Abrantes, "achados únicos" que resultaram de trabalhos arqueológicos ali realizados e que vão permitir "reescrever a história" da cidade.
Em declarações à agência Lusa, o vereador da Cultura da Câmara de Abrantes, Luís Dias, disse que estes achados, que incluem, entre outros, ossadas junto de um possível templo em honra do deus Mercúrio, moedas e munições para canhões dos tempos napoleónicos, vão permitir "perceber melhor e ajudar a reescrever a história de Abrantes", cidade que está situada num morro e é banhada pelo rio Tejo.
"Estas extraordinárias descobertas, autenticadas por especialistas de várias universidades, [constituem] uma autêntica viagem no tempo para uma cidade que está prestes a assinalar o seu centenário [14 junho de 2016] e que tem registos históricos de ocupação com mais de 7 mil anos", destacou.
As escavações arqueológicas, feitas no âmbito da terceira campanha de escavações aprovada em 2013 pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), decorreram nos meses de junho e julho, e tinham por objetivo obter informações sobre a ocupação proto-histórica, romana e islâmica, bem como conhecer as obras de fortificação da Idade Moderna, em trabalhos multidisciplinares desenvolvidos pelas equipas de arqueologia e património da Câmara de Abrantes e do projeto do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (MIAA).
As "pinturas raras" encontradas no interior da Capela da Igreja de Santa Maria do Castelo, templo quatrocentista classificado como Monumento Nacional localizado no interior da fortificação, (local onde D. João I reuniu o Conselho de Guerra a 6 de agosto de 1385 para a Batalha de Aljubarrota), foram datadas como sendo da primeira metade do século XV pelos investigadores do Laboratório Hércules, e apresentam afinidades estilísticas com a pintura de S. Francisco de Leiria e a da capela do Palácio da Vila, em Sintra.
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